Vivendo os princípios inacianos em nosso trabalho universitário
Um momento de diálogo com Pe. Luis Ugalde, SJ, um dos fundadores da AUSJAL, e Soledad Maldonado, diretora de Identidade e Missão da Universidade Antonio Ruiz de Montoya.
O último encontro, organizado pela Comissão de Cultura da AUSJAL, reuniu virtualmente representantes de diversas universidades jesuítas da América Latina para aprofundar a essência da educação inaciana: seu caráter integrador, seu chamado ao serviço e a formação de profissionais comprometidos com o bem comum.
O evento destacou como, em um contexto social desafiador, a missão das instituições confiadas à Companhia de Jesus adquire especial relevância ao formar egressos capazes de transformar realidades a partir de suas diferentes áreas de atuação.
Formação integral: pessoa, profissão e missão
A sessão teve início com a exposição do Padre Luis Ugalde, que afirmou que, nas universidades jesuítas, “a pessoa, a profissão e sua missão” não podem ser concebidas separadamente, mas sim como um todo inspirado no seguimento de Jesus. Ressaltou que, embora não se exija nenhuma prática religiosa para integrar essas comunidades acadêmicas, o evangelho permeia o ambiente universitário, oferecendo um “algo a mais formativo” que enriquece tanto o crente quanto o agnóstico ou não praticante.
Ugalde também destacou a vitalidade que surge quando essa abordagem vai além da sala de aula e acende “uma centelha” de solidariedade em contextos populares. Citou como exemplo a obra Fé e Alegria, nascida há mais de 70 anos como resposta à falta de escolas em bairros vulneráveis. Hoje, ela (Fé e Alegria) atende a mais de 100 mil estudantes na Venezuela e se replica em 20 países. “O verbo contagiar — o mal se contagia, mas o bem também”, enfatizou, convidando cada universidade a se tornar um viveiro de iniciativas sociais.
Os “4 C” do egresso jesuíta
Para sistematizar essa visão, o Padre Ugalde apresentou o marco dos “4 C”: consciência, competência, compaixão e compromisso. Explicou que um profissional é verdadeiramente jesuíta quando, além de dominar sua área de conhecimento, “sofre com” o outro e se compromete ativamente com sua humanidade, de modo que a empatia vá além de uma ideia e se concretize em ações reais de serviço.
“O outro não é um obstáculo”: formar para servir
Soledad Maldonado, da Universidade Antonio Ruiz de Montoya (Peru), complementou essa perspectiva com um panorama prático das iniciativas de acompanhamento integral em sua instituição. Enfatizou a necessidade de ir além do “equipamento de saberes” e formar “homens e mulheres para os outros”, capazes de unir sua vocação profissional a uma profunda consciência social. Destacou o valor das metodologias baseadas na experiência — voluntariados, projetos comunitários, exercícios espirituais — que facilitam o encontro com a realidade e fortalecem a vocação para o serviço.
Prática do magis e compromisso histórico
Encerrando o diálogo, a moderadora Xóchitl L. Oyarzábal convidou os participantes a “praticar o magis em nossas tarefas diárias” e a assumir o desafio de se tornarem “sujeitos históricos capazes de transformar a realidade”. Lembrou que essa espiritualidade inaciana, longe de ser uma abstração, deve permear o cotidiano de todas as áreas universitárias, promovendo o diálogo interdisciplinar e o encontro com as comunidades locais.
Rumo a uma rede AUSJAL viva e comprometida
Os participantes concordaram que o conversatório não foi apenas um espaço de reflexão, mas o início de um esforço coletivo para aprofundar a formação integral em cada campus. A secretaria da AUSJAL, que ofereceu o serviço de tradução para o português, foi reconhecida pelo seu apoio à integração regional, fortalecendo o caráter solidário da rede.
Nas palavras da Comissão de Cultura, esta foi a primeira de várias jornadas e publicações que tornarão públicas as experiências inovadoras e boas práticas de formação inaciana. A AUSJAL convida suas instituições associadas a incorporar essas linhas de ação — as “4 C”, a pedagogia experiencial e o magis — em seus planos acadêmicos, de pesquisa e de extensão, para continuar inspirando gerações comprometidas com a justiça social e o desenvolvimento humano.